Como produzir a tua própria Coenzima Q10 (CoQ10)


Escrito originalmente pelo Dr. Michael Greger M.D. FACLM a 13 de Novembro de 2018. Publicado originalmente aquiTraduzido e adaptado por João Madureira.

Crédito da imagem: Robert Owen-Wahl / Pixabay.

A clorofila é o pigmento verde que torna as folhas verdes. Se procurarmos por clorofila na literatura médica, muito do que encontramos é sobre a fluorescência fecal, uma forma de detectar a contaminação de fezes nas carcaças nos matadouros, para reduzir o risco de intoxicação alimentar devido a patógenos abrigados nas fezes animais. A matéria fecal pode passar para a carne “pela deposição de aerossóis de matéria fecal, projectados quando se remove a pele”. Se, no entanto, o animal tiver comido erva, pode-se localizar a matéria fecal com uma luz ultravioleta. Como podem ver no meu vídeo Como Regenerar a Coenzima Q10 (CoQ10) Naturalmente, uma solução de clorofila é verde, mas à luz ultravioleta, parece vermelha. Portanto se tivermos uma luz destas numa fábrica de abate de frangos, pode-se obter uma diminuição da matéria fecal. O problema é que a maior parte dos frangos já não vivem lá fora. Já não comem erva e portanto há menos fluorescência fecal.

A razão por que procurei clorofila foi para dar continuidade ao dados que apresentei no meu vídeo Comer verde para prevenir o Cancro, que sugere que a clorofila pode ser capaz de bloquear carcinógenos. Encontrei alguns estudos in vitro sobre os efeitos potenciais anti-inflamatórios da clorofila. Afinal de contas, as folhas verdes têm sido desde há muito usadas para tratar a inflamação, portanto as propriedades anti-inflamatórias da clorofila e dos seus metabólitos após a digestão foram colocados à prova. E de facto, podem representar “agentes anti-inflamatórios valiosos e abundantemente disponíveis”. Talvez isso seja uma razão pela qual os vegetais crucíferos, como a kale e a couve-galega, estão associados a uma redução de marcadores de inflamação.

Por exemplo, numa placa de Petri, se colocarmos uma camada de células do revestimento arterial, há mais células imunológicas inflamatórias que aderem a elas depois de serem estimuladas com uma substância tóxica. Podemos diminuir essa inflamação com o medicamento anti-inflamatório aspirina, ou, de forma ainda mais notória, gotejando alguma clorofila. Talvez seja uma das razões porque os consumidores de couves parecem viver vidas mais longas.

Por muito interessante que possa ser esse estudo, o próximo estudo deixou-me estupefacto. A fonte de energia mais abundante deste planeta é a luz solar. No entanto, apenas as plantas parecem poder utilizá-la — ou assim pensávamos. Depois de comerem plantas, os animais também passam a ter clorofila, portanto será que poderíamos derivar energia directamente da luz solar? Primeiro que tudo, a luz não pode passar pela nossa pele, certo? Errado. Isto foi demonstrado por conhecimento científico com um século — e por qualquer miúdo que tenha apontado uma lanterna aos seus dedos, mostrando que os comprimentos de onda vermelhos conseguem penetrar. De facto, se formos para fora num dia de sol, há luz suficiente a penetrar o crânio e a passar pelo cérebro, que até poderíamos ler um livro lá dentro. Ok, se os nossos órgãos internos apanharem muita luz, e se comermos vegetais de folhas verdes, a clorofila absorvida no nosso corpo parece realmente ser capaz de produzir energia celular. Mas, a não ser que comamos tantas verduras que passemos a ficar verdes, a energia produzida é provavelmente negligenciável.

No entanto, a clorofila activada pela luz, dentro do nosso corpo, pode ajudar a regenerar a coenzima Q10. A “CoQ10” é um anti-oxidante que o nosso corpo produz utilizando a mesma enzima que produz o colesterol — isto é, pela mesma enzima que é bloqueada pelos fármacos que reduzem o colesterol, as estatinas. Portanto, se a produção de CoQ10 for apanhada na luta, talvez isso explique porque as estatinas aumentam o nosso risco de diabetes — reduzindo acidentalmente os níveis de CoQ10. Talvez seja por isso que as estatinas levam à degradação dos músculos. Dado isso, será que os utilizadores de estatinas devem tomar suplementos de CoQ10? Não, devem melhorar suficientemente as suas dietas para parar de tomar fármacos que alteram muito a sua bioquímica! Ao fazê-lo — ao comer alimentações mais baseadas em plantas e ricas em clorofila — podemos da melhor forma manter os níveis de CoQ10 activa, também conhecida como ubiquinol. “No entanto, quando o ubiquinol é usado como um anti-oxidante, fica oxidado na forma de ubiquinona Para agir como um anti-oxidante eficaz, o corpo precisa de regenerar o ubiquinol a partir da ubiquinona”, talvez utilizando metabólitos da clorofila e a luz.

Os pesquisadores expuseram alguma ubiquinona e metabólitos de clorofila ao tipo de luz que chega à nossa corrente sanguínea. Puf! A CoQ10 renascia. Mas, sem a clorofila ou sem a luz, nada acontecia. Indo para fora de casa obtemos luz, e, se comermos verduras, obtemos clorofila, portanto talvez isso explique como mantemos níveis tão altos de CoQ10 na nossa corrente sanguínea. Talvez isto explique porque as verduras escuras são tão boas para nós. Sabemos que a exposição ao sol pode ser boa para nós. “Estes benefícios são normalmente atribuídos ao aumento de vitamina D a partir da exposição a luz solar e ao consumo de antioxidantes das verduras” — mas será possível que estas explicações estejam incompletas?


Este artigo de blog tem tudo: um mecanismo espantoso, aplicabilidade prática, e cocó. Que mais podemos querer?

Interessado em saber mais sobre os efeitos negativos potenciais dos fármacos estatinas, usados para baixar o colesterol? Produzi outros vídeos sobre o assunto, incluindo Estatinas (medicamentos para colesterol) e Cancro de Mama InvasivoO verdadeiro benefício da alimentação vs. fármacos.

Com saúde
Michael Greger, M.D.


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Artigo traduzido por João Madureira. Lê o livro do Dr. Greger, "Como Não Morrer" (PT) ou "Comer Para Não Morrer" (BR). Em Portugal está também disponível um livro de receitas, também chamado "Como Não Morrer"

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