Reduzir as Proteínas Acidificantes para Proteger a Função Renal
Escrito originalmente por Michael
Greger M.D. FACLM em 24 de Julho de 2018. Publicado originalmente aqui. Traduzido por João Madureira.
A doença renal crónica é um grande
problema de saúde pública que afecta cerca de um em cada oito americanos, e que aumenta o risco de doença e de
morte mesmo entre aqueles que apresentam apenas um decréscimo reduzido da
função renal. São necessárias estratégias de baixo risco e de baixo custo,
possíveis de serem seguidos por toda a gente, para abordar esta epidemia de
doença renal. Discuto algumas delas no meu vídeo: Protein
Source: An Acid Test for Kidney Function.
A alimentação desempenha um papel no declínio da função renal. “Especificamente, as dietas com maior
consumo de proteína animal, gordura animal, e colesterol” podem estar
associadas ao derrame de proteínas para a urina (proteinúria), que é um sinal
de danos nos rins, e geralmente, “uma alimentação rica em frutos, vegetais, e
cereais integrais, mas com menos carnes e doces, pode proteger” do declínio da função renal.
Em comparação com a alimentação dos
nossos antepassados, não só comemos mais gordura saturada, açúcar, e sal, como
também comemos agora um dieta que induz a acidez, em vez de uma dieta que induz a
alcalinidade. A alimentação dos humanos ancestrais era baseada principalmente
em plantas e, como tal, produzia mais alcalinidade do que acidez.
“A carga ácida dietética é determinada
pelo balanço dos alimentos que induzem a acidez, ricos em proteínas animais
(tais como carnes, ovos e queijo)” e contrabalançada pelos alimentos que
induzem a alcalinidade, tais como as frutas e vegetais. Numa investigação de 12.000
adultos americanos, a carga ácida dietética foi associada a danos nos rins.
Acredita-se que uma alimentação que
induz a acidez afecta os rins através de toxicidade tubular, danos nos
minúsculos e delicados tubos que produzem urina nos rins, através de um aumento
da produção de amoníaco. O amoníaco é alcalino, por isso os rins produzem-no para contrabalançar o ácido da nossa comida. Isto é benéfico a curto prazo
pois livra-nos do ácido; no entanto, a longo prazo, todo esse amoníaco extra
nos nossos rins, diariamente, parece ter efeitos tóxicos.
A nossa função renal parece declinar progressivamente depois de chegarmos aos 30 anos, e, quando temos 80, a
nossa capacidade renal pode estar reduzida a metade. “O assim chamado declínio
da função renal com a idade talvez seja um resultado de danos induzidos pela sobre-produção de amoníaco.” No entanto, isso é apenas uma das
teorias. O pH ácido poderá aumentar a produção de radicais livre e danificar o
rim dessa forma, ou poderá aumentar as “cicatrizes” (scarring) do tecido do rim.
A proteína derivada de plantas não só
vem acompanhada de antioxidantes que podem combater os radicais livres, como também induz menos acidez, pois tende a conter menos aminoácidos com enxofre. Uma das
razões por que os alimentos vegetais tendem a induzir menos acidez do que os
alimentos de origem animal é que o ácido é produzido pelo enxofre na proteína, que as plantas apresentam em menor grau.
“O determinante mais importante do
efeito da proteína dietética na progressão da nefropatia [doença renal] é a qualidade da proteína ingerida (isto é, se induz a produção de ácidos,
como no caso da maior parte da proteína animal ou se produz bases, como no caso
da maior parte da proteína de origem vegetal), em vez da quantidade de proteína
ingerida.”
A alimentação americana “é em grande
medida indutora de acidez pois é deficiente em frutos e vegetais e contem
grandes quantidades de alimentos de origem animal”, portanto a mudança de uma
dieta americana padrão para uma dieta vegana pode melhorar a acidose nos pacientes com doença renal crónica. Em circunstâncias
normais, uma dieta vegetariana é alcalinizante, enquanto uma dieta não
vegetariana leva a uma carga ácida. Isto é verdade até para os vegetarianos que
consumiam produtos processados de substituição de carnes como os hambúrgueres
vegetais.
As dietas de base vegetal têm sido prescritas durante décadas para pessoas com doença renal crónica. Não contêm gordura
animal, nenhum colesterol, induzem menos acidez, e ajudam a diminuir a tensão
arterial. Na realidade, se compararmos a função renal de veganos com a de
vegetarianos e de omnívoros, uma dieta mais à base de plantas está associada a melhoria dos parâmetros para a prevenção do declínio degenerativo dos rins.
Fiquei surpreendido pela forma tão
intensa como a alimentação pode afectar a função e a estrutura dos rins. Alguns
dos meus vídeos sobre os rins são:
- Which Type of Protein Is Better for Our Kidneys?
- How to Prevent Kidney Stones with Diet
- Can Diet Protect Against Kidney Cancer?
- Treating Chronic Kidney Disease with Food
Mas não há alguns alimentos ácidos de
origem vegetal? Vê o gráfico no meu vídeo, How
to Treat Kidney Stones With Diet.
Haverá alguma forma de testar e ver quão
indutora de acidez é a a nossa dieta? Sim – e é divertida! Vê Testing
Your Diet With Pee and Purple Cabbage.
Com saúde,
Michael Greger, M.D.
Michael Greger, M.D.
PS: Se ainda não o fez, pode subscrever os meus vídeos gratuitos aqui e ver a última apresentação de final de ano (legendas disponíveis nas opções do filme)
Traduzido por João Madureira. Lê o livro do Dr. Greger, "Como Não Morrer" (PT) ou "Comer Para Não Morrer" (BR), ou o livro de receitas.
Conhece os 12 alimentos a consumir diariamente ou consulta a nossa página do Facebook.
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