Contrabalançando os Efeitos do Álcool


Publicado originalmente por Michael Greger M.D. FACLM em 31 de Julho de 2018. Publicado originalmente aquiTraduzido por João Madureira. 
Crédito da imagem: ulleo / Pixabay


Mais de um milhão de novos casos de cancro da pele são diagnosticados todos os anos, afectando cerca de 1 em 3 americanos durante as suas vidas. Como discuti no meu vídeo Preventing Skin Cancer from the Inside Out, apesar de o principal factor de risco ser a exposição a radiações UV, o consumo de álcool pode também ter um papel. A maioria dos cancros associados com o álcool desenvolve-se no tracto digestivo, desde o cancro da boca, passando por cancro da garganta e cancro do estômago até cancros do fígado e do cólon. Estes cancros envolvem tecidos que entram em contacto directo com o álcool. Mas porquê o cancro da pele?

Um estudo de 300.000 americanos descobriu que o consumo excessivo de álcool estava associado com taxas maiores de queimaduras solares. “Pode ser que a bebida em excesso indique uma vontade subjacente de não se importar com riscos para a saúde”, e desmaiar na praia, mas também pode ser porque os produtos da decomposição do álcool geram uma tal quantidade de radicais livres que bloqueiam os antioxidantes que protegem a nossa pele do sol. As plantas produzem “a sua própria proteção contra o dano oxidativo do sol”, e podemos apropriar-nos dessas moléculas protectoras, comendo essas plantas, para que tenham uma função protectora no nosso próprio corpo. Poderia dizer-se que os frutos e vegetais constituem a melhor farmácia contra o desenvolvimento do cancro.

A ingestão de alimentos vegetais aumenta o potencial antioxidante da nossa corrente sanguínea, que pode depois ser depositado nos nossos tecidos para nos proteger dos efeitos prejudiciais dos raios do sol, mas só recentemente se testou esta teoria.

Estudou-se 30 mulheres, queimando-se a sua pele das nádegas com uma lâmpada UV, e a seguir, metade delas comeram 3 colheres de sopa de polpa de tomate por dia durante 3 meses. Houve significativamente menos danos ao ADN nos traseiros das que tinham comido os tomates. Então, três meses antes da época do bikini, se comermos muitas comidas ricas em antioxidantes, tais como a pasta de tomate, podemos reduzir a vermelhidão de uma queimadura solar em 40%. É como se tivéssemos protector solar embutido na nossa pele. Ora, isto não é tão bom como um protector solar de alto SPF, mas “muita da exposição a UV ao longo da vida ocorre quando a pele não está protegida; portanto, o uso de factores alimentares com propriedade de proteção solar poderá oferecer um significativo efeito benéfico.”

No entanto, também funciona no sentido contrário. O consumo de álcool diminui a protecção dentro da nossa pele. Se pedirmos a pessoas que bebam 3 copinhos de vodka, dentro de oito minutos — não depois de 3 meses, mas depois de apenas oito minutos — o nível de antioxidantes carotenóides na sua pele diminui substancialmente. No entanto, se beberem a mesma quantidade de vodka com sumo de laranja, existe ainda um queda nos antioxidantes da pele, em comparação com o valor inicial, mas beber um cocktail “screwdriver” não é tão mau como beber apenas o vodka. Será uma diferença significativa na presença do sol?

Depois das bebidas, pediu-se a voluntários expostos a uma lâmpada UV e esperou-se para ver quanto tempo demorariam a queimar-se, e esse período foi significativamente menor com o álcool puro, em comparação com não beber álcool ou bebê-lo com sumo de laranja. Verificou-se que a diferença era de uma meia hora extra, baseado apenas no que se põe na boca antes de ir à praia. Além disso, as laranjas são bastante fraquinhas — não são tão más como as bananas, mas são as bagas que possuem a mais alta actividade antioxidante.

Os investigadores concluíram que as “pessoas devem ter em atenção o facto de que o consumo de álcool combinado com luz UV [seja do sol ou de uma câmara de bronzeamento] aumenta o seu risco de queimadura solar e portanto o seu risco de envelhecer prematuramente a pele ou mesmo de cancro da pele”. Se vai beber álcool e expor-se ao sol, deve assegurar-se que usa protector, ou, no mínimo, beber uma “daiquiri” de morango ou outra coisa que possa reduzir o dano oxidativo.



Isto não é espantoso? A dinâmica dos antioxidantes no corpo muda de minuto para minuto portanto assegure-se de estar sempre abastecido. Veja:
Que mais podem os tomates fazer? Confira Inhibiting Platelet Activation with Tomato Seeds.

Outros vídeos sobre a saúde da pele incluem:
O álcool não aumenta apenas o risco de cancro da pele. Veja: Breast Cancer and Alcohol: How Much Is Safe?. Mas, tal como o sumo de laranja num cokctail “screwdriver”, componentes da pele das uvas podem mediar os efeitos adversos do vinho. Veja: Breast Cancer Risk: Red Wine vs. White Wine.

Com saúde,
Michael Greger, M.D.


PS: Se ainda não o fez, pode subscrever os meus vídeos gratuitos aqui e ver a última apresentação de final de ano (legendas disponíveis nas opções do filme)

Traduzido por João Madureira. Lê o livro do Dr. Greger, "Como Não Morrer" (PT) ou "Comer Para Não Morrer" (BR), ou o livro de receitas.


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