Como evitar BPA
Escrito originalmente pelo Dr. Michael Greger M.D. FACLM a
18 de Junho de 2019. Publicado originalmente aqui. Traduzido e adaptado por João Madureira.
Crédito da imagem: Pixnio
A suposta ligação entre a obesidade e químicos presentes nos plásticos que
desregulam as hormonas, como o bisfenol A (BPA) baseou-se inicialmente, em
parte, em observações de que o aumento
na exposição ao químico pareceu coincidir
com o aumento da epidemia de obesidade, mas isso pode apenas ser uma coincidência.
Muitas outras mudanças durante o último meio século, tal como um aumento
no consumo de fast-food ou em ver televisão, parecem ser explicações mais
simples. Mas porque estão também os nossos animais de estimação a ficar
mais gordos? O nosso cão não está a comer mais batata frita nem a beber mais
refrigerante. Claro, quanto mais assistirmos a repetições de Seinfeld, podemos
passear menos com o cão, mas e quanto aos nossos gatos? Eles também estão a
ficar mais gordos. Estaremos a dar-lhes e aos nossos filhos demasiados
biscoitos? Isso parece ser uma explicação mais simples do que algum químico causador
de obesidade, omnipresente no ambiente, e que se acumula nas cadeias alimentares
dos humanos e dos animais de estimação.
Então como explicar os resultados de um estudo com mais de 20.000 animais
de 24 populações, mostrando que estão todos a ficar mais gordos? Os resultados
do estudo “revelam que há grandes aumentos em peso corporal a nível populacional”
a ocorrer por toda a parte, mesmo em populações sem acesso a máquinas de venda
automática ou com menos educação física nas escolas. Talvez algum poluente
ambiental esteja mesmo envolvido.
Estamos expostos a todo um conjunto de novos químicos para além de
BPA, mas a razão que levou os pesquisadores a centrarem a sua pesquisa nele,
deve-se a experiências que mostram que o BPA pode acelerar a produção de novas células de
gordura, pelo menos numa placa de Petri. Isto ocorreu numa concentração de mais
de 1000 vezes a concentração encontrada na corrente sanguínea da maior parte de
pessoas. Não sabíamos se o mesmo acontecia com níveis normais… até agora. A maior
parte das pessoas tem entre 1 a 20 nanomoles de BPA no seu sangue, mas
mesmo 1 nanomole pode significativamente aumentar a produção de células humanas
de gordura. Então mesmo baixos níveis podem ser um problema, mas isso é numa
placa de Petri. E o que acontece numa pessoa?
Porque não comparar os pesos corporais de populações expostas ao químico, com
os de uma população não exposta ao químico? Não existem
populações não expostas: o BPA está por toda a parte. Nesse caso, e que
tal comparar pessoas com níveis mais altos com pessoas com níveis mais baixos? Foi
o que os pesquisadores na Universidade de Nova Iorque fizeram, e a quantidade de
BPA que fluía
pelos corpos de crianças e adolescentes “esteve significativamente associada
com obesidade”. No entanto, como foi um estudo transversal, um instante no
tempo, não sabemos o que vem primeiro. Se calhar, em vez de os altos níveis de
BPA levarem à obesidade, a obesidade levou a altos níveis de BPA, pois o
químico acumula-se na gordura. Ou talvez o BPA seja um marcador da ingestão dos
mesmos tipos de alimentos processados que podem engordar. O que precisamos são estudos
prospectivos que meçam a exposição e depois sigam as pessoas ao longo do tempo.
Nunca tivemos nada disso… até agora! E de facto, os pesquisadores verificaram
que níveis mais altos de BPA e de alguns outros químicos dos plásticos estavam
significativamente associados com ganho de peso mais rápido na década subseqüente.
Então, como nos podemos afastar desta substância?
Embora inalemos uma parte a partir da poeira e absorvamos uma parte tocando em
recibos com BPA, 90% da exposição provém da alimentação. Como sabemos? Quando
pedimos às pessoas que façam jejum
e bebam água apenas de garrafas de vidro durante alguns dias, os seus níveis de
BPA podem diminuir 10 vezes.
No entanto, o jejum não é muito sustentável.
O que acontece numa intervenção de 3 dias de alimentos frescos, em que as famílias
não consomem
alimentos embalados e enlatados durante alguns dias? Uma queda significativa de
exposição a BPA. Se fizermos a experiência no outro sentido, adicionando
uma porção de sopa enlatada à alimentação das pessoas, vemos um aumento de
1000% nos níveis de BPA na sua urina comparada com uma porção de sopa servida a
partir de alimentos frescos. Esse estudo usou sopa enlatada pronta a servir,
que na última análise a alimentos enlatados na América do Norte, tinha
cerca de 85% menos BPA do que sopas condensadas, mas o pior de todos foi o atum
em lata.
(todos os vídeos abaixo indicados possuem legendas em português nas opções
do vídeo)
Já falei do bisfenol A em Plásticos com BPA e disfunção sexual masculina. Algumas companhias fazem comidas enlatadas sem BPA, por exemplo, nos EUA, a Eden Foods. (veja Será que as latas Eden Beans têm demasiado iodo?) Também é possível comprar feijões embalados assepticamente ou cozer os seus próprios feijões. Pessoalmente, gosto de cozê-los à pressão.
Já falei do bisfenol A em Plásticos com BPA e disfunção sexual masculina. Algumas companhias fazem comidas enlatadas sem BPA, por exemplo, nos EUA, a Eden Foods. (veja Será que as latas Eden Beans têm demasiado iodo?) Também é possível comprar feijões embalados assepticamente ou cozer os seus próprios feijões. Pessoalmente, gosto de cozê-los à pressão.
Para mais sobre BPA, veja:
- BPA em recibos: penetração pela pele
- Serão as alternativas livres de BPA seguras?
- Porque razão o BPA ainda não foi banido
Os ftalatos são outra classe de químicos nos plásticos que são preocupantes.
Falo sobre eles em Evitando exposição em adultos a ftalatos e Que aliementação diminui mais a exposição a ftalatos?.
Pela sua saúde,
Michael Greger, M.D.
PS: Se ainda não o fez, pode subscrever os meus vídeos gratuitos aqui e ver a última apresentação de final de ano:
- 2016: Como Não Morrer: O Papel da Alimentação na Prevenção, Paragem, e Reversão das Nossas 15 Doenças Mais Mortais. (legendas disponíveis nas opções do filme)
Artigo traduzido e adaptado por João Madureira. Lê o livro do Dr. Greger, "Como Não Morrer" (PT) ou "Comer Para Não Morrer" (BR). Em Portugal está também disponível um livro de receitas, também chamado "Como Não Morrer"
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