Como Não Morrer de Doença Cardíaca


Escrito originalmente por Michael Greger M.D. FACLM em 8 de Agosto de 2018. Publicado originalmente aquiTraduzido por João Madureira. 

A causa mais provável da morte dos nossos entes queridos e de nós próprios é a doença cardíaca. Cabe a cada um de nós tomar as nossas próprias decisões sobre o que comer e como viver, mas devemos fazer essas escolhas em consciência, educando-nos sobre as ações previsíveis das nossas acções.
A ateroesclerose, ou endurecimento das artérias, começa na infância. Quase todas as crianças que cresceram a consumir a alimentação padrão americana têm já estrias de gordura nas suas artérias, o que marca o início da doença — com apenas 10 anos de idade. Depois disso, as placas começam a formar-se quanto temos 20 anos, pioram quando temos 30 anos, e depois podem começar a matar-nos. Nos corações, chama-se a isso um ataque de coração, e no nosso cérebro, é um AVC (acidente vascular cerebral). Portanto, para qualquer leitor que tenha mais de 10 anos, a escolha não é entre comer ou não de forma saudável para prevenir a doença cardíaca — mas sim querer ou não reverter a doença cardíaca que provavelmente já têm.
Isso é mesmo possível? Quando os pesquisadores estudaram pessoas com doença cardíaca e as colocaram no tipo de alimentação baseada em vegetais seguida por populações que não tinham esta epidemia de doença cardíaca, a sua esperança era de poderem retardar o processo da doença, ou talvez apenas pará-la. Em vez disso, algo miraculoso aconteceu. A doença começou na realidade a reverter. Começou a melhorar. Como mostro no vídeo em baixo, assim que os pacientes pararam de ingerir alimentos que entopem as artérias, os seus corpos conseguiram começar a dissolver alguma dessa placa, abrindo artérias sem drogas e sem cirurgia. Essa melhoria no fluxo sanguíneo para o próprio músculo do coração aconteceu apenas 3 semanas depois de comer de forma saudável.
Permitam-me que partilhe convosco o segredo mais bem guardado da medicina: o corpo pode curar-se sozinho. Imaginem por exemplo, que sem querer batem a “canela” da vossa perna com força numa mesa. Fica vermelha, quente, dorida, inchada, e inflamada, mas irá curar-se sozinha se apenas descansarmos e deixarmos o corpo actuar. O que aconteceria, no entanto, se batêssemos com a canela no mesmo sítio, dia após dia, ou três vezes por dia (ao pequeno-almoço, almoço, e jantar)? Nunca se curaria. Poderias recorrer a um médico, queixando-te da dor na canela, e provavelmente sairias a coxear do consultório com uma receita médica de analgésicos. Continuarias a bater a tua canela três vezes por dia, mas a dor seria um pouco menos intensa, devido a esses comprimidos.Parte inferior do formulário
ÉÉÉ semelhante às pessoas que tomam nitroglicerina para as fortes dores no peito (angina). Podem sentir um enorme alívio, mas continuam a não tratar a causa da doença. Na realidade, o nosso corpo quer curar-se, se o deixarmos, mas se continuarmos a danificarmo-nos todos os dias, três vezes ao dia, nunca nos vamos curar.
Uma das coisas mais espantosas que aprendi em toda a minha aprendizagem médica é de que depois de 15 anos de deixar de fumar, o risco de cancro do pulmão aproxima-se do risco de alguém que nunca fumou na sua vida. Não é espantoso? Os pulmões conseguem limpar todo aquele alcatrão, e a certa altura, é quase como se nunca tivéssemos fumado. Pense nisto: a cada manhã da sua vida de fumador, o corpo iniciava o caminho para a cura, até que…ui, tu inalas o primeiro cigarro do dia, voltando a danificar os pulmões com cada inalação. Da mesma forma, podemos danificar continuamente as nossas artérias com cada inalação. Mas, tudo o que temos de fazer é seguir o tal “segredo mais bem guardado da medicina” e apenas descansar, não prejudicar o nosso corpo, parar de nos agredirmos, e deixar que os processos naturais de cura do corpo nos devolvam a saúde. O corpo é uma máquina que se auto-cura.
Certamente que podemos escolher moderação e atingirmo-nos apenas com um martelo menor, mas porquê agredir-nos de todo? Eu não digo aos meus pacientes fumadores que reduzam o seu maço e meio por dia. Eu digo-lhes para deixar de fumar. Claro que fumar meio maço é melhor que fumar dois maços, mas devemos tentar pôr apenas coisas saudáveis nas nossas bocas.
Já sabemos disto há décadas. Veja-se o caso do Sr. F.W., por exemplo. Foi tema de um edição de 1977 do American Heart Journal. Ele tinha uma doença cardíaca tão má que nem conseguia chegar à caixa do correio. Mas começou a comer melhor e em poucos meses ele escalava montanhas sem angina (dores no peito).
Há uns novos fármacos anti-angina. Custam milhares de dólares por ano, mas na sua dose mais alta, só conseguem prolongar a duração do exercício em 33,5 segundos. Não parece que os pacientes que escolham a via dos fármacos venham a escalar montanhas em breve.
Uma alimentação à base de plantas não é só mais segura e mais barata. Pode funcionar melhor porque trata a verdadeira causa da doença.
Com saúde,
Michael Greger, M.D.

(o vídeo tem legendas em português disponíveis nas opções do vídeo
- no símbolo da roda dentada ou dos três pontinhos)


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Traduzido por João Madureira. Lê o livro do Dr. Greger, "Como Não Morrer" (PT) ou "Comer Para Não Morrer" (BR), ou o livro de receitas.

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